Notícia

Energia: governo retoma descontos cumulativos para irrigantes e aquicultores

Norma atende demanda do setor apenas em parte, pois benefícios serão zerados em cinco anos
Energia: governo retoma descontos cumulativos para irrigantes e aquicultores

O governo federal publicou, nesta quinta-feira, dia 4, o decreto que retoma os descontos cumulativos na energia elétrica rural para irrigantes e aquicultores. A medida havia sido extinta pelo ex-presidente Michel Temer no fim do ano passado. Agora, esses grupos podem realizar um abatimento maior na conta de energia durante o período noturno. Isso deve impedir um aumento de até 43% estimado caso a norma não fosse revista.

 

O texto assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e os ministros da Economia, Paulo Guedes, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e da Agricultura, Tereza Cristina, não reverteu, porém, a redução gradativa no valor dos descontos gerais. Eles vão continuar sofrendo cortes de 20% pelos próximos cinco anos até serem zerados em 2023.

“A redução de 20% a cada ano fica mantida, os descontos terminam de toda forma em cinco anos. Entendemos que o setor precisa dos descontos pelo beneficiamento gerado para sociedade e porque a qualidade da energia no setor rural é bem inferior à do urbano”, afirmou o assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Gustavo Goretti.

O desconto para produtores rurais enquadrados no grupo B (baixa tensão, abaixo de 2,3 kV) é de 30%, mas está sendo reduzida pelas concessionárias de energia elétrica de todo o país em 20% este ano. No Ceará, por exemplo, o valor já foi atualizado para 24%. Essa redução sofrerá novos cortes no mesmo percentual até chegar a zero em 2023.

O que Michel Temer havia proibido e que foi restabelecido agora é que produtores irrigantes e aquicultores pudessem aplicar os descontos especiais concedidos a eles sobre aqueles que abrangem toda a classe rural. Essa proibição, segundo a CNA, poderia resultar em aumento de custo de 43% no valor da energia em horário reservado (das 21h30 às 6h), além da elevação anual de 8,5% no valor da energia elétrica no restante do dia pelos próximos cinco anos.

Os descontos especiais para agricultores irrigantes e aquicultores são de 73% no Nordeste e municípios de Minas Gerais localizados na área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 67% no Centro-Oeste, Norte e demais cidades mineiras e de 60% no Sul e Sudeste. O benefício tarifário vale para o período noturno.

“Se a tarifa urbana é R$ 1 o produtor tem desconto de 30%. Durante o dia ele paga R$ 0,70 para usar. Quando chega a noite, ele vai ter 73% de desconto em cima dos R$ 0,70. Isso vai para R$ 0,19; essa que foi a alteração. Com o decreto do Temer isso seria 73% em cima de R$ 1. A cumulatividade vai aumentar o desconto dos irrigantes e aquicultores no horário reservado, que é a noite, que não tem demanda por energia e que a energia é perdida em muitas regiões porque precisa ter tensão nos fios e não tem ninguém utilizando”, disse Goretti, da CNA.

 

Esse desconto adicional é concedido a irrigantes para o uso de motores no bombeamento para captação de água e adução, na injeção de fertilizantes na linha de irrigação, na aplicação da água no solo mediante o uso de técnicas específicas e na iluminação dos locais de instalação desses equipamentos. Já para aquicultura, a redução é aplicada para uso de motores utilizados no bombeamento para captação de água e dos tanques de criação, no berçário, na aeração e na iluminação nesses locais.

Produtores rurais enquadrados no grupo A (os de alta tensão, acima de 2,3 kV) não têm direito à cumulatividade. O decreto traz como novidade a obrigatoriedade para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) faça fiscalização dos procedimentos de descontos.

Crítica

O presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, deputado Heitor Schuch (PSB-RS), criticou o decreto. “Frustrou nossas expectativas. O governo não fez sua parte. Na verdade, praticamente nada mudou: voltar a permitir o acúmulo de dois subsídios aos irrigantes e aquicultores não resolve o problema, já que mantém a previsão de fim do benefício”, apontou.
Schuch é autor de um Projeto de Decreto Legislativo que revoga inteiramente a normativa de Michel Temer e não permite o fim dos descontos. O parlamentar vai tentar colocá-lo em votação no plenário da Câmara. “O caminho mais curto seria o governo mesmo ter revogado, mas como recuou, agora não vejo outra maneira, terá que ser via o Legislativo”, afirmou.

Fonte(s): Canal Rural

Comentários

Últimas notícias

11 Mar
Aconteceu
MEC lança programa para ampliar acesso de estudantes ao ensino técnico

Jovens em situação de vulnerabilidade terão auxílio de R$ 200 por mês

11 Mar
Aconteceu
Fazenda lança plataforma para saque de antigo Fundo PIS/Pasep

Há cerca de R$ 26 bilhões esquecidos pelos trabalhadores

11 Mar
Aconteceu
Percentual de famílias com dívidas em atraso cai em fevereiro, diz CNC

Consumidores estão buscando crédito em condições melhores

Esse site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar o acesso, você concorda com nossa Política de Privacidade. Para mais informações clique aqui.