Depois de ter motivado a emissão de avisos a 17 regiões do Estado pelo Sistema 3As de monitoramento da pandemia, no começo de agosto, o registro de novas hospitalizações por coronavírus entrou em queda no Rio Grande do Sul. 

Nas últimas duas semanas até o sábado (14), data mais recente com informações disponíveis, o acumulado semanal de novas internações em leitos clínicos e de terapia intensiva (UTIs) apresentou recuo de 59% — passou de 1.668 para 690 pacientes com diagnóstico confirmado. Ainda assim, especialistas ligados ao Comitê de Dados que monitora a covid mantêm a preocupação sobre os rumos da doença. 

Uma das razões para isso é que, em vez de acompanhar essa queda, o número de doentes internados (que é influenciado também pelas altas e pelos óbitos) se mantém estável nos últimos dias. 

Uma quantidade menor de novas hospitalizações é um indício favorável porque, em médio prazo, favorece a queda na ocupação de leitos. Mas, nos últimos dias, o universo de doentes em alas clínicas e de terapia intensiva, que vinha em tendência de queda, passou a oscilar pouco acima dos 600 em cada setor. Às 16h30min deste domingo (15), havia 612 pacientes em UTI e outros 621 em leitos de enfermaria.

Outro motivo para prudência é que não se descarta a possibilidade de os registros de novas internações, feitos pelos próprios hospitais em uma ferramenta digital do Ministério da Saúde chamada Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), terem oscilado por conta de alguma instabilidade na inserção dos dados, e não por conta de uma variação real da pandemia. 

O Sivep-Gripe contabiliza as internações por data de notificação, então qualquer represamento de informações pode resultar em variações artificiais no registro de novos pacientes hospitalares. 

—Pode ter ocorrido uma instabilidade na entrada de dados no Sivep. Isso pode implicar tanto uma falsa subida, antes, como uma falsa descida agora. Chegamos a essa conclusão porque os dois movimentos estão descolados dos dados do número de internados — avalia a professora de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Suzi Camey. 

Para se ter uma noção mais clara sobre os rumos da pandemia no Rio Grande do Sul, será necessário seguir monitorando diferentes indicadores nos próximos dias. Os especialistas recomendam que sejam mantidos cuidados básicos como uso de máscara e distanciamento social para reduzir o risco de contaminações.

Acumulado semanal de novas internações por covid-19 no RS

Número inclui hospitalizações em leitos clínicos e de UTI

• 31/7 - 1.668
• 1/8 - 1.711
• 2/8 - 1.656
• 3/8 - 1.667
• 4/8 - 1.609
• 5/8 - 1.468
• 6/8 - 1.222
• 7/8 - 1.146
• 8/8 - 1.096
• 9/8 - 830
• 10/8 - 737
• 11/8 - 693
• 12/8 - 703
• 13/8 - 708
• 14/8 - 690