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Milton Vieira

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Soja: tecnologia ajuda a localizar pragas e reduz em 45% uso de defensivos

Aplicativo da Embrapa cria mapas de localização e pode ser migrado para um pulverizador, focando o controle de pragas nos talhões certos
Soja: tecnologia ajuda a localizar pragas e reduz em 45% uso de defensivos

Já pensou em um aplicativo que consegue dizer onde estão as pragas, ajudando a focar no controle e de quebra reduzindo a quantidade de defensivos? Pois é exatamente isso que um experimento conjunto entre a Embrapa e a Cooperativa Cocamar, conduzido no norte do Paraná, conseguiu fazer. O resultado mostrou a redução de até 45% no uso de produtos químicos e melhoria na qualidade dos grãos.

 

A pesquisa se baseou no conceito de zonas de manejo, em uma estratégia de amostragem de pragas que une conhecimentos digitais e agronômicos para criar mapas de distribuição espacial de percevejos, orientando assim onde as máquinas de pulverização devem fazer as aplicações de defensivos.

 

“Cada dia mais, o conceito de zonas de manejo ganha força com o auxílio e a inclusão de ferramentas digitais no dia a dia da agricultura. Conhecer o comportamento de cada talhão dentro da propriedade e adotar estratégias específicas, que permitam o melhor uso da terra, está na lista de prioridades de quem quer produzir bem”, diz o pesquisador da Embrapa Samuel Roggia, líder do projeto de pesquisa.

Os experimentos foram conduzidos em uma lavoura de soja Intacta, no norte do Paraná, onde foi realizado o levantamento georreferenciado de percevejos utilizando um aplicativo desenvolvido pela Embrapa para celular e outros dispositivos móveis chamado Agrotag. Para comprovar a eficácia do método tecnológico, a pesquisa fez três testes diferentes:

 
  • o primeiro com a nova técnica citada, manejada com o conceito de zonas de manejo e aplicação localizada (Agricultura de Precisão + Manejo Integrado de Pragas);
    .
  • o segundo observou o manejo integrado de pragas, mas considerando o controle em área total do talhão quando a população da praga atingia o nível de controle (MIP);
    .
  • e o terceiro considerou a prática de manejo de percevejo tradicional da propriedade em área total.

“O diferencial da aplicação localizada por zonas de manejo em relação à aplicação do MIP em área total e ao manejo tradicional é que, além de economizar produto, a aplicação localizada apresentou maior qualidade do grão, com menos grãos picados por percevejos”, revela Roggia.

Segundo a Embrapa, as informações geradas pelo levantamento georreferenciado cria um mapa mostrando onde as pragas estão, facilitando o trabalho de pulverização.

“Esse mapa é migrado para um pulverizador, que é utilizado apenas onde é necessário. Ou seja, quando é atingido o nível de controle da praga de dois percevejos por pano de batida” diz o pesquisador da Embrapa Luiz Eduardo Vicente, especialista em sensoriamento remoto e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Agrotag.

Segundo a Embrapa, a geração do mapa parte do princípio que a distribuição dos percevejos na lavoura não ocorre ao acaso, mas segue uma distribuição dependente do espaço e da data de cada avaliação realizada em campo.

 

“Para isso, os dados georreferenciados foram submetidos a cálculos matemáticos, gerando dados interpolados com melhor precisão para o mapeamento, o que direciona a tomada de decisão para o controle do percevejo no campo,” detalha a pesquisadora da Embrapa Célia Regina Grego.

Redução de 45% no uso de inseticidas

Comparando a soma das aplicações nas áreas monitoradas, o controle localizado (Agricultura de Precisão + Manejo Integrado de Pragas) reduziu o uso de inseticidas em torno de 17% em relação ao Manejo Integrado de Pragas aplicado em área total.

 

Porém, comparando a aplicação localizada (Agricultura de Precisão) ao manejo tradicional, a redução do uso de inseticidas foi de 45%. A pesquisa mostrou um caminho para desenvolver ferramentas mais práticas para o agricultor ter como aliadas no monitoramento de pragas.

O conceito de zonas de manejo torna possível setorizar a informação na lavoura. Com a pulverização direcionada, algumas áreas passaram longo tempo sem receber inseticidas.

“Nesses casos foi observada maior ocorrência de agentes de controle biológico, principalmente de predadores. Assim, a aplicação localizada permite proteger a lavoura do ataque de percevejos, aplicando inseticida onde ele é necessário e preservando os agentes de controle biológico nos locais que não precisam receber inseticidas”, afirma Roggia.

Potencial para controle biológico

Segundo a Embrapa, com esse estudo está se preparando o terreno para o controle biológico em larga escala. “Essa estratégia de amostragem e geração de mapas de dispersão de pragas poderá ser bastante vantajosa, pois ajuda a economizar e a identificar os pontos necessários para aplicação de parasitoides.”

Dessa forma, o agricultor vai aplicar apenas quando a praga estiver presente. Isso pode favorecer muito a adoção e a utilização de controle biológico, além de reduzir custos, uma vez que os parasitoides naturais serão colocados apenas em regiões onde houver manchas de ocorrência das pragas.

Vicente destaca que a tecnologia embarcada em máquinas para aplicação de insumos à taxa variada, por exemplo, já existe há muito tempo no Brasil. “Ela é eficiente e moderna, com transmissão de dados em campo, e conta com instrumentos precisos de aplicação na chamada ponta de lança do trator,” diz.

No entanto, ele cita uma grande lacuna que é a necessidade de informação de qualidade oriunda do cultivo, gerada de maneira rápida, precisa e de baixo custo.

“Com a utilização dos recursos do Agrotag, reduzimos drasticamente o tempo entre o levantamento em campo e o mapa no trator, com substancial aumento de precisão, demonstrando um caminho viável para suprimir essa demanda,” diz.

Os pesquisadores pretendem aperfeiçoar o número de pontos de amostragem até a automação do processo de geração do mapa.

“Queremos construir uma solução tecnicamente viável, segura e prática para facilitar o processo de tomada de decisão do agricultor”, relata Roggia. “O negócio do agricultor está cada vez mais complexo. Isso faz com que seja cada vez mais difícil decidir. Hoje o risco de produzir é praticamente todo do agricultor. Por isso, soluções que facilitem esse processo de tomada de decisão são importantes”, complementa Santos.

Fonte(s): Canal Rural

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