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Ivanor Barros

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STF retoma nesta quarta-feira julgamento sobre venda de estatais sem aval do Congresso

Plenário decidirá se mantém liminar de Lewandowski que proibiu venda sem autorização do Legislativo. Julgamento começou na semana
STF retoma nesta quarta-feira julgamento sobre venda de estatais sem aval do Congresso

Supremo Tribunal Federal (STF) retomará nesta quarta-feira (5) o julgamento em que decidirá se o governo federal pode vender estatais sem autorização do Congresso Nacional. A decisão a ser tomada também valerá para governos estaduais e prefeituras.

O julgamento começou na semana passada com a argumentação de advogados, da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria Geral da República (leia detalhes mais abaixo). Nesta quarta-feira, a previsão é que os votos dos ministros sejam apresentados.

Durante o julgamento, os ministros deverão definir ainda a diretriz a ser seguida pela administração pública na venda de estatais, e o entendimento deverá servir como regra.

Nesta terça (4), o relator do caso, Ricardo Lewandowski, afirmou que a questão é "complexa" e, por isso, avalia que podem ser apresentadas "muitas correntes de voto".

O ministro já adiantou que deverá discorrer no voto sobre:

 

  • se é preciso uma norma específica para empresa pública e sociedade de economia mista criadas por lei;
  • se há diferenças entre subsidiárias criadas por lei ou por ato de diretoria;
  • os tipos de licitação.

 

O que está em julgamento

Na prática, os ministros vão decidir se referendam ou derrubam uma decisão liminar (provisória) concedida por Lewandowski no ano passado.

Pela decisão do ministro, o governo não pode vender estatais sem o aval do Poder Legislativo.

Lewandowski tomou a decisão ao analisar uma ação apresentada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

No entendimento do ministro, o aval do Legislativo é obrigatório quando a venda de estatais implicar na perda do controle acionário pelo poder público.

Nesta terça-feira (4), ao participar de um evento em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se dirigiu ao ministro Gilmar Mendes e disse:

"Um abraço para todo mundo, um bom futuro para o Brasil e um bom voto para o ministro amanhã. É a minha choradinha. Aqui eu tenho que fazer com uma certa elegância. Mas no escritório dele, eu ajoelhei no milho e rezei."

 

O que pode ser decidido?

 

Os ministros podem decidir no julgamento desta quinta-feira se:

 

  • é preciso aval do Congresso para a venda de qualquer empresa pública, incluindo empresas de sociedade mista ou subsidiárias;
  • a autorização do Congresso só é necessária quando houver perda do controle acionário;
  • é preciso uma lei genérica de autorização para vários negócios ou uma lei específica aprovada para cada venda;
  • em caso de venda de estatal, será exigida licitação ou outro processo;
  • a licitação será exigida sempre que houver perda do controle acionário.

 

 

Argumentos

 

Saiba os argumentos apresentados na primeira sessão destinada ao julgamento do caso:

 

  • André Mendonça, advogado-geral da União

 

Afirmou que a Petrobras e outras empresas estatais poderão se modernizar se o Supremo liberar a venda sem lei própria e sem licitação. Segundo o advogado-geral, a Constituição assegura a iniciativa privada como princípio fundamental do estado democrático de direito. Por isso, para ele, o STF deve liberar as operações nas estatais.

"Não justifica empresa como Petrobras ter quase 130, 140 subsidiárias e controladas. Não estamos trabalhando na venda das holdings, da Petrobras, estamos tratando da possibilidade de a Petrobras desinvestir para reinvestir nela mesma. [....] Com endividamento, as estatais estão se sucateando, sem capacidade de investimento. Elas incharam, por ideais, não deu certo, e estão endividadas. Como Petrobras vai se manter no mercado competitivo, tendo dívida de R$ 292 bilhões? Custo anual da dívida é de R$ 17 bilhões", argumentou.

 

  • Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral da República

 

Afirmou que o Supremo já definiu a necessidade de lei para livrar-se do que é público e tornar privado. Pediu que seja mantida na íntegra a decisão do ministro Ricardo Lewandoswki.

"Não é possível que a compra e venda de ações das estatais seja feita sem uma lei autorizativa e que permita que todos saibam quais são as estatais que estão sendo desinvestimento, para que se possa ter clareza e transparência", argumentou.

 

Venda da TAG

 

É possível que o STF também decida nesta quarta-feira se mantém ou derruba uma outra liminar, concedida pelo ministro Luiz Edson Fachin, que suspendeu a venda de 90% da participação acionária na Transportadora Associada de Gás, a TAG, subsidiária da Petrobras.

Fachin considerou que a venda da TAG desrespeitou a decisão de Lewandowski.

 

Interesse de R$ 80 bilhões

 

Apesar de o Supremo ter divulgado a pauta de todo o semestre no fim do ano passado, as duas ações foram incluídas para julgamento somente na semana passada para solucionar impasses de interesse do governo federal em relação a vendas de ativos e privatizações.

Dados do governo indicam que o país pode gerar de caixa mais de R$ 80 bilhões com privatizações.

Nas últimas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o advogado-geral da União, André Mendonça, conversaram com ministros do Supremo para alertar sobre a importância do tema para o governo.

Fonte(s): G1

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